“Este era basicamente um dinossauro tentando desenvolver um rabo de peixe” - Nizar Ibrahim
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Comparação de tamanho entre um espinossauro e um humano. |
Maior que um Tyrannosaurus rex, o predador viveu entre 95 e 100 milhões de anos atrás, no período Cretáceo, e possuía 16 metros de comprimento e 7 toneladas. Além disso, tinha uma enorme vela nas costas e uma narina alongada que parecia a boca de um crocodilo, cheia de dentes cônicos.
Foto de Paolo Verzone, com muito cuidado, o paleontólogo Cristiano Dal Sasso segura a quarta vértebra desde a base da cauda do Spinosaurus, uma das mais completas que a equipe conseguiu recuperar. |
Ilustração de Jason Treat retratando as diferentes percepções do esqueleto do espinossauro ao longo do tempo. |
Quando Stromer (primeiro a descobrir fósseis de espinossauro) tentou reconstruir o espinossauro nos anos 1930, ele preencheu as informações desconhecidas com características de outros terópodes, o que o conferia uma postura hoje desatualizada. Desde 2014, uma equipe liderada por Nizar Ibrahim argumenta que o espinossauro era um predador semiaquático, uma ideia que a nova cauda (revelada por novos achados paleontológicos) ajuda a fortalecer.
Em 2014, a reconstrução do espinossauro feita por Ibrahim revelou que a criatura tinha mais de 15 metros de comprimento na fase adulta, mais que um T. rex totalmente desenvolvido. O estudo também argumentou que o espinossauro tinha um tronco esbelto, membros traseiros atarracados, um crânio em forma de crocodilo que se alimenta de peixes e ossos de paredes espessas semelhantes aos de pinguins e peixes-boi – características que apontavam para um estilo de vida semiaquático. Mas alguns pesquisadores que tinham dúvidas do estilo semiaquático acreditavam que, no mínimo, o espinossauro, assim como outros espinossaurídeos, se alimentavam de peixes que capturavam ao entrar em águas rasas, como fazem os ursos-pardos e as garças, e não necessariamente era um nadador.
Entretanto, em 2018, com a cauda do espinossauro (encontrada no Marrocos) quase completa em mãos, Ibrahim e seus colegas ficaram mais confiantes de que o espinossauro era um nadador – uma afirmação para a qual começaram a buscar comprovação em laboratório. Os resultados laboratoriais dos cientistas Pierce e Lauder, contatados por Ibrahim, mostram que a cauda do espinossauro oferece uma propulsão oito vezes maior na água do que as caudas dos terópodes não pertencentes à família dos espinossaurídeos, Coelophysis e Allosaurus – e o fazem com o dobro de eficiência.
Coletivamente, as descobertas publicadas hoje sugerem que o gigante espinossauro passou muito tempo debaixo d’água, talvez caçando presas como um enorme crocodilo.
Em 2019, ao retornar ao Marrocos, foi possível encontrar mais alguns fósseis que em breve ajudarão a testar outra característica aquática do espinossauros: pés possivelmente palmípedes.
É bom ressaltar que todos os fósseis encontrados pela equipe permanecem no Marrocos. A esperança é que, algum dia, esses ossos e os cientistas que os estudam criem o primeiro museu nacional de história natural do Marrocos – e inspirem as pessoas do norte da África a sonharem com os mundos perdidos sob os seus pés.
Isso é a ciência acontecendo diante dos nossos olhos! Quanto mais fósseis do espinossauro encontrarmos, melhor poderemos compreender suas adaptações que permitem uma vida semiaquática. Espero que com o tempo possamos desvendar os mistérios que por tanto tempo permaneceram insondáveis graças à destruição do holótipo.
Links
Reconstruindo um gigante predador aquático
Espinossauro faz história como primeiro caso conhecido de dinossauro que nadava
Fonte National Geographic
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